Àquela senhora que passa
E sente em seu rosto, já abatido pelo tempo,
a leveza do mar.
Ela vive. Vive sentido a brisa do mar.
Talvez o seu caminhar não perceba
A graça de ali estar.
Mas, eu que por ali passava,
Não percebi o riso da criança que brincava.
Brincava na areia,
Brincava no mar.
Talvez fosse o teu brinquedo
Um fantoche do meu coração.
Que perdido estava
Em uma vaga tentativa de se encontrar
Naquele riso da criança.
No caminhar da criança
Que avança pelo mar em direção àquela velha anciã.
Nos pequenos pés que percorrem a areia.
Uma pequena caixa que se move.
Uma caixa de parafusos que têm o doce nome: “Criança”.
E o brilho dos olhos dela
Não coube no por do sol.
Ouviu-se o tilintar do cavaco.
E o gemido do pandeiro.
Já é noite na Lapa.
E os corpos que ali se movem
Pouco se distinguem entre si.
A única exceção são as pernas
Finas da criança que se movem.
Da criança que em seu brincar,
Tenta imitar a dança,
Daquela carioca que
Se move.
E faz do seu rebolado
O perscrutador dos olhos, afoitos,
Que ali espreitam.
Os amigos ao seu redor
Seguem o riso da madrugada.
E o calor incandescente que se aproxima
Faz queimar a menina dos olhos
Daquela morena.
O primeiro raio de sol se aproxima.
Já é dia na Lapa!
E a criança que por ali
Brincava.
E mendigo que por ali
Deitava.
Agora jazem embalados nos braços de Morfeu.
E a menina dos olhos, agora queimada,
Percebe que já é hora
De dar aos passos da Morena,
Um descanso.
Bem vindos. Estamos no Rio.
Texto produzido em parceria: Gleyson e Miriam.