Cade o por quê
Sorrir e sofrer.
Sofrendo querendo
Vivendo correndo.
Correr para aonde
Se a vida se esconde,
Se esconda aqui
Basta pra ti
Não queres alento,
Preferes o vento,
O vento a bater.
Contudo vivi,
Vivi por aqui
Vivi por ali
Viver para além,
Mas
Além de quem,
Não traga-me o desdem.
Sofra por mim
Sofra por ti,
Sofra agora
Ria agora
Mescle esse vai-e-vem.
Humanos assim!
Esquecem de mim
Lembram de ti
Honram a ti,
Vive por ti.
Viver pelo outro
Grande desgosto,
Desgosto eu de ver-te assim
Não viva como tal
O amor no carnaval
É pedra, fogo, pau.
Sorriso encrenqueiro
Amor derradeiro
Anseio por fim.
O fim esta longe
Se esconde no bonde
No bonde que vem.
O bonde ja veio
Cade o arreio?
Eu quero subir.
Terás que esperar
A vida passar
E o bonde voltar.
Não quero esperar,
Comprei o meu passe,
Me de esse sino
que eu quero tocar,
E quando tocar
É bom tu voltar
Que eu gralho, até incomodar.
Não encomodes o bonde
Deixa que venha,
Ele Virá.
Ja urge no horizonte
Minha pressa, acabrunha a estação.
A estação esta vazia,
Parece que a vida fria foi descansar.
Descanse tranquila
Não turbes vida tranquila, a esperar.
Depois que não venha
Com pressa ferrenha
pedir
Pr’bonde voltar.
Ele não volta
Até se desgosta
De tua vida assim,
Assim como estais,
Não podes me agradar,
Tenho tudo na vida e aguçado paladar.
Ja fui criança
Pouca temperança,
Gostava de matança,
Matança tranquila
Agurdava na fila
Pro macarrão eu comer
Sorria alegre sem nunca Temer.
Nunca tive arranjos musicais
Os sons que eu ouvia, vinha dos taquarais,
Vivia o que vivia
Na noite sempre fria
Ninguém me cobria
Pensava que dormia,
Mas a noite é cruel.
Fazia com maestria
Aquilo que lhe cabia
A noite não dormia
Eu sempre tão fria
Pensava que me cobria,
Cobria que nada.
Descobria a vacuo,
Das sombras,
Que a noite me arromba
Sem pé e sem tromba
Sempre a sorrir.
Sorria.
Sorria porque
Não trazia buquê,
Traçava os planos
E eu delirando a sofrer.
Não tinha o tato
Cade o barato
Que ficou com rato,
Que dormia pacato,
No meu cochão.
Nem sei o que houve
Aonde que soube
Que a vida partiu.
Partiu para aonde
La para longe,
Sem explicação,
Não me da mais razão
Do que é o viver.
Não quero saber
Só quero correr,
Até encontra-la.
E quando encontra-la
Vou abraça-la,
Não adianta correr.
Quero crescer
Mas sofrer ou viver
Ainda é estranho.
Viver para mim
Viver para ti,
Para mim é poema
Para voce uma gangrena.
Deixe disso
Mostre-me o feitiço
Que tu deste para vida correr
Agora eu sofro, tu sofres também
Quando criaste o feitiço
Esqueceste com isso de criar o além.
A vida não vai longe,
Nunca se esconde
De quem quer viver,
Sempre voltou
E sempre voltará,
A vida ainda foge
Porque adora amar.
Se disse Drummond:
“Amar se aprende amando”
O amor não pode morrer
Para quem vivi criando.
Criando um porquê
Não existe viver
Que não esteja amando
Bravejar é besteira
O amor não aceita barreira,
Deixa disso logo e vem viver
Viver para que
Se não tem mais porque
Não liga pra’que
Não quer um porque
Não viva a sofrer.
Feche os olhos
E seja cretino
Acredite na poha, dum maldito Destino.
Que falo que digo,
Ouça tudo o que falo.
Abala-me tudo
Pontudo e ronbudo
Assim é voce.
Invade o meu
Sonha com o teu
E pouco me faz.
Faça por mim
Se queres assim,
A vida um festim
Dou-le o fucim
Para bala entrar.
A bala não veio
O bonde não veio
A vida não veio,
Agora fudeu.
Grito para ti
Pra ver se escuta
O horizonte,
Se escutar o horizonte
Atras daqueles montes,
Ele mandará.
Que venha a bala
Que venha o trem
Que a vida venha.
A vida virá
Com o trem a guiar,
A bala rumo sem fim
Pelo prazer de estourar,
Estourar seu miolhos
Fez poucos abrolhos,
A bala é assim!
Não conte por mim
Não faça por mim.
Cada um tem sua bala
Que a vida badala,
Não cria mandalas
Na noite que estrala
No ronco que exala
A morte a sorrir.
Ja veio pra ti
Virá certeiro também
Pra mim,
A bala que estrala
A vida estraçalha
De morrer num sem fim.
Gleyson Dias, 23:30
12 de julho de 2010.